Previously on.. eu só podia estar louca?
#03 Quando pensei demais sobre as minhas sobrancelhas
#01 Anteriormente em: eu só podia estar louca?

Olá, leitor!
Eu havia planejado uma edição normal do Anteriormente, contando, por exemplo, do dia que a motorista do Uber chamou o meu bairro de furdunço. Ou de como eu estou viciada em autoconhecimento e como, em um intervalo de três minutos e trinta e sete segundos, eu entendi toda a história da minha vida, em um vídeo no Tik Tok, do Christian Dunker conversando com o Rodrigo Hilbert, a Fernanda Lima e o Esse Menino, sobre como auto-observação contínua é um sintoma clássico de depressão funcional, como o meu. Tuitei a descoberta e tem gente chorando até agora.
Mas, vai ficar para uma próxima, pois hoje falarei dela, a temida e requisitada academia. Tudo que aconteceu e como estou vivendo esse momento do meu jeitinho: com muita dissociação. Se não servir como incentivo, que sirva como alívio. Seja cômico ou em geral, já que com certeza nenhum de vocês vai passar tanta vergonha quanto eu em tão pouco tempo.
Espero que você curta.
#01 E morri
Esse negócio de academia é arriscado. Depois de meses malhando na paz da minha casa com uma ficha roubada da academia do namorado, tomei vergonha na cara e me matriculei em uma a dois quarteirões de casa. Acordei naquele pique de blogueira, fui no primeiro horário da manhã, o storytelling do dia de vitória na cabeça e chegando lá expliquei os meus poréns para o treinador (lombar, tornozelo, etc), que foi anotando tudo na minha ficha - não roubada. Fomos para primeira série de agachamentos, que cumpri belissimamente, terminei as 3 séries de 16 e mandei para o Dan a clássica foto no espelho da academia e sentei para um minutinho de descanso.
Mas o minutinho de descanso virou uma queda brusca de pressão. Fiquei mais pálida que o normal e a partir daí foram 15 minutos de pequenos desmaios e delírios "eu tô morrendo", "meu coração tá parando", abraçada com um personal aleatório, que eu tinha acabado de conhecer. As pessoas começaram a sair de perto e eu comecei a imaginar que cômico seria as pessoas contando sobre a visagem da mulher que morreu no primeiro dia de academia. É definitivamente o tipo de fantasma que eu seria. Consegui dizer pra alguém chamar a minha mãe, até ela finalmente me enxergar lá do tríceps pulley e explicar o único porém que eu esqueci: a hipoglicemia. Apenas uma banana no café da manhã tem dessas. Água com açúcar e 5 minutos depois eu estava nova.
Mais ou menos vinte dias de treinos se passaram e olhando pelo lado bom, toda a humilhação que eu poderia passar já aconteceu. Agora é só alegria, mas aqui ninguém vai provocar o Universo.
#02: O trambolho
Depois da experiência de quase morte, tive que voltar a malhar à noite, o que é ruim, mas é bom. Por um lado, o meu corpo adora se exercitar perto da hora de dormir, por outro, a minha cabeça odeia o horário lotado de gente que não entende o conceito de revezamento de aparelhos.
Mas a espera é a melhor amiga do cronista. Em um desses dias de pura dissociação enquanto um senhor já completava 37 minutos de esteira, notei um aparelho no meio do primeiro salão da academia, que apelidei carinhosamente de trambolho.
Deve ser muito triste ser o trambolho. Te colocaram no pior lugar, na pior posição, de forma totalmente desproporcional ao tamanho do lugar. Todo mundo olha, se encosta, analisa, mas ninguém usa. É uma entre várias opções e mesmo assim as pessoas preferem esperar mais de 37 minutos por uma vaga na esteira do que usá-lo.
Será que eu já fui o trambolho?
#04 “Termina tua esteira, já é um bom começo”
Um dos meus grandes desafios de autoconhecimento sempre foi equalizar como e para onde direciono a minha energia. Ainda tenho dificuldade de identificar que estou colocando mais vontade do que deveria em situações que evidentemente não merecem ou em ciclos que já se encerraram e eu sigo esticando. Curiosamente, na última sessão, eu contava pra terapeuta como pensar sobre energia exige muita energia e isso tem deixado minhas últimas semanas confusas. A ansiedade estava tão aflorada que um dia não consegui terminar a esteira porque ela não conseguia acompanhar o ritmo dos meus pensamentos. Disse que ainda não sei o que fazer sobre a situação específica que tem gastado minha energia e, com a sabedoria e paciência de quem já me vê de 15 em 15 dias - às vezes semanalmente - há 6 anos, ela respondeu: “termina tua esteira, já é um bom começo". Gênia.
Pra ti que ticou até o final, muito obrigada! Agora eu decidi que o envio desta louca newsletter será às quartas-feiras. Por que? Porque eu quero e porque quarta é um dia coringa. Na segunda eu vou competir com as milhares de newsletter que vocês já recebem e no final de semana com o trauma de abrir emails e ninguém quer isso. Quarta também é o dia que a gente já sabe se a semana vai terminar bem ou se será um completo fiasco. Seja um ou o outro, eu vou aparecer magicamente - ou melhor, automatizadamente - na Caixa de Entrada de vocês com uma quantidade moderada de alívio cômico ou como identificação de um surtado para o outro.
Depois de muitos anos lendo a newsletter de todo mundo (sério, todo mundo. Vou te dar um tempo pensar em uma newsletter qualquer aí… eu já li), resolvi trazer minhas crônicas pra cá e deixar rolar. Nos dias que não tiver nada novo aqui, vai lá no meu Instagram ou no meu Tik Tok. Se não tiver nada novo lá, no meu Twitter com certeza tem.
Um beijo grande e encontro vocês semana que vem, com a pressão 12/8!
Academia é sempre ir um pouquinho além no dia seguinte, né non?! Eu sempre penso assim, mesmo que esse além seja só terminar o programa de treinos sem querer morrer. 🫠